7.6.07

DAS DEFESAS

A casca dura. O peito desfazia-se noutras camadas: eram defesas, trincheiras. Buscava palavras na intenção de maquiar seus olhos prestes a inundar, sentia-se – em verdade – nua. Faltavam-lhe mais que palavras, carecia daquela outra parte sua, a mesma que há muito julgara perdida nos primeiros raios dos róseos anos. Forjava, embora não sem sofrimento, a fortaleza que já não era, e vestia-se de gelo – esquecia, porém, que derreteria, bastasse apenas uma ameaça de calor. Conhecia o quanto frágil era. Não o aceitava, entretanto, motivo pelo qual os anos serviram-lhe de palco para os constantes embates contra o que já lhe era essência. Perdeu-se nos anos, e n'outros tantos, enganos. Mas aquela verdadeira parte, a menina, ainda podia ser vista - talvez de passagem, ou na lembrança do que um dia fora, quiçá ainda desejando crescer. Ou talvez, orando, pra um dia, finalmente, por si mesma vista ser.



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Do tempo:
Registre-se, publique-se e cumpra-se.

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