24.10.08

A CURA II

O olhar perdido no profundo das privações. Assim ele era. Assim ele se via. Recolhido em si, o sorriso vago era disfarce; suas mãos inquietas, reflexo da falta pela qual se via tragado. Continha-se, embora seu interior gritasse. Contemplava-a à distância com uma ternura contida, quase servil. E naquele dia, ele a teve, embora sem saber. Sem que ele notasse, do alto de suas torres tão bem alicerçadas, ela se entregou. E foram um do outro sem perceber, no mesmo instante em que julgavam ver outro sonho, na realidade, esmaecer.



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Do tempo:
Registre-se, publique-se e cumpra-se.
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